Rachel Gonçalves
O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada; o tempo apenas desloca o incurável do centro das atenções. O homem tem mesmo essa mania de achar que o tempo é a solução para todos os problemas. A virada do ano, por exemplo. Uma data arbitrariamente escolhida no calendário - o que explica toda essa empolgação e felicidade instantânea? Um sentimento coletivo que faz todo mundo se abraçar, gritar e saudar a entidade "ano novo". Tenho a sensação que o homem precisa exercer um falso controle sobre o tempo - sim, é útil, mas essa delimitação em lada limita; a linha temporal não pede passagem nem admite barreiras. Afinal, é ele que nos mata um pouquinho a cada dia. E ainda insistimos em dizer que o tempo cura tudo - depositamos nossas esperanças nisso. Em toda madrugada do dia 1º de janeiro observamos pessoas mais leves e despreocupadas - uma folha em branco, "limpos" para receber coisas novas. É tudo psicológico - tanto que em outras culturas o ano novo é celebrado com a mesma euforia em datas distintas. O placebo é o melhor remédio. A cura está dentro de nossas cabeças.
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