Às vezes eu peço a Deus que me faça esquecer algumas coisas. Coisas as quais não gosto de lembrar, falar ou recordar. Coisas que me assombram durante a noite, pesadelos que me sacodem da cama; um nó na garganta rouca, sufocando qualquer grito de socorro. Se bem que, esquecer o passado é um risco de repetí-lo. Como uma vacina, só que a doença ataca primeiro. É a vida - aplica primeiro a prova, para depois ensinar a lição. E quanto às marcas? Que estas fiquem na alma, e não na pele. Tem coisa que, por mais sufocante que seja, é melhor que fique guardada. Outras pessoas não entenderiam na mesma dimensão e proporção que você tenta explicar - o que dá margem a mal-entendidos, e por aí vai. Um psicólogo pode até ouvir, aconselhar, mas não tem o poder de compreender - talvez por isso sacudam a cabeça e franzem as sobrancelhas para forjar uma empatia ao paciente. Acredito que um amigo mais próximo seja melhor nessa tarefa de buscar respostas. Não é preciso alguém de longe. Mas ele ainda não será você. As respostas que procuramos estão dentro de nós. Do que adianta ouvir a experiência dos outros se aquilo não nos marca? Gostemos ou não, precisamos dessas marcas - os outros podem não ver, mas sentem. Isso se chama maturidade.
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