Desde pequena, tenho uma dúvida muito pertinente. Será que todos vêem a mesma coisa sempre? Será que o seu azul é vermelho pra mim? Será que o meu amargo é doce pra você? Nunca vou conseguir essa resposta, suponho. Aliás, essa é uma das poucas coisas das quais tenho certeza. Poucas mesmo, são as certezas desta vida, já que a qualquer momento o tabuleiro do jogo pode ser virado. Mas como saber se não estou lutando por uma Vitória de Pirro? Não há como saber. A vida está mais para Comédia do que para Tragédia. A Comédia, jocosa, vai tentar te envolver e puxar teu tapete na primeira oportunidade. Mas não pode ser julgada, pois é amoral. Moral é assunto da Tragédia. A Tragédia tem o poder de enlouquecer, de torturar e machucar. Mas nunca de encostar um dedo. A racionalidade é mesmo muito cruel. Mas não posso viver sem ela. Não sou um Pícaro – minhas ações são julgadas a todo instante. Vivo numa sociedade-espetáculo, mas recuso-me a virar um de seus personagens toscos. Personagens que simplesmente aceitam, que não perguntam ou questionam. Talvez porque quando crianças não foram encorajadas em suas indagações. Toda dúvida infantil é muito pertinente.
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